quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Sobre o não amor.


Eles se conheceram ao acaso, tinham inimigos em comum (Elvis, Roberto Carlos e Gabriel Garcia Marquez).
Ela, moderninha, descolada e neurótica.
Ele, certinho, almofadinha, olhar certeiro e ar blasé.

Conversaram cada qual com sua armadura e mantiveram distância, até que um topou com a mão do outro e após umas biritas o beijo foi inevitável.

Mas combinaram que aquilo não seria amor. Poderiam dividir a cerveja, trocar discos e livros mas aquilo não seria amor. Estavam alí só porque suas vidas eram entediantes e ter uma trepada amiga e segura deixava o próximo dia mais suportável.

Sempre tinha uma expectativa bacana quando iam se encontrar pra tal trepada amiga, era como se ela andasse e dissesse para cada pessoa que cruzasse no caminho que enquanto eles iam para suas casas medíocres encontrar com seus cônjuges mal-humorados e desarrumados, ela ia trepar. Ela ia trepar a noite inteira. E que ela é sempre assim, maquiada, cheirosa, bem-humarada, tem hálito de halls preto o dia todo, tem cintura fina e bunda dura.

Naqueles dias em que iam se encontrar e trepar, ela não lembrava que estavam juntos apenas por medo de seguir em frente, e que estavam um perante o outro somente pela falta do que fazer.

Não, quando ela estava maquiada e cheirosa, ela era a mulher mais amada do mundo.
Mas depois que eles trepavam e ele não a colocava debaixo do braço, alí na altura do peito, ela se tocava que estava vestida num longo não amor.

E ia pra casa sem ver tantas cores nas ruas, sem vontade de desdenhar dos vizinhos porque trepou, largava as chaves do carro na mesa, deixava que o gato lhe roçasse o rabo nas pernas e ficava deprimida porque sabia que ele ia morrer. Ligou a tv e aquilo a deprimiu também. Foi ler e ficou ainda mais deprimida, porfim resolveu dormir, para enfim sonhar, pelo menos no sono ela não ficava triste, pois em sonho ela podia pular na cintura dele no meio da rua e inventar apelidos cafonas enquanto ele a segurava e dizia: você é minha.

9 comentários:

Morganna disse...

tão bonito o amor. aiai.
não deixa ele morrer, não. ^^"

Morganna disse...

é caneta naquim. nem sei se é nanquim mesmo, é umas amarelas, caneta porosa. essas coisas. :D
rá! Você também desenha? aquele ali também é no giz. nessas férias eu fui tentar o colorido com giz, e lápis de cor. \o/
e somos do mesmo signo!? :~
Beeeeijo. :*

Morganna disse...

tá lindo demais lá em cima. \o/
o vermelho é tudo.
Uhn, ah, e o meu desenho também não é lá essas coisas. todos desconexos os bichinhos. ^^"
Sou de dia 27 de julho! \o/
leoninas rulez.

Helder CESAR pinto disse...

o amor,ah esse fuleiro,...um BRINDE,que nossas amadas sejam sempre nossas amantes!! tim..tim!

Vivz disse...

Sou super a favor do não amor. Só o não amor é real. Bjs.

sandro so disse...

Gostei muito do último parágrafo, Gabi. Abriu o que veio antes dele.
Beijo

Gustavo Rios disse...

gostei do final. perigoso, como todos bons finais são.

On disse...

one more time, perfect!

fjunior disse...

estar com outro as vezes é dificil, compllicado... pior mesmo é estar sozinho...