domingo, 31 de agosto de 2008

Sobre os domingos

Todos os domingos parecem possuir o peso e a essência da saudade. E por isso ela sempre reserva esse dia para que sua alma acorde preguiçosa e tenta iludí-la na esperança de que ‘vai passar, tu sabes que vai passar’. Faz isso para que ela não sinta [mais] dor. E então faz todas [ou quase todas] as suas vontades: a presenteia com um vestido florido, um vento fresco, um sol morninho, uma sombra gostosa, uma rede preguiçosa e um livro companheiro. Mas a danada da alma reclama. Aperta ainda mais o peito exigindo espaço, como se ocupar todos os meus espaços fosse o paleativo pra preencher aquela falta que só cessa com presença.

E quase como desaforo recebe a mensagem:

“Você não imagina o quão difícil está sendo ficar longe de você.”

Ah, eu sei sim, seu moço, se sei!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Dos diálogos que te fazem pensar: É ele.

- Ei, você sabia que aqui está ilumidado? Que tem pessoas alí do lado? Que podem ver sua mão aí embaixo?
- Sim, e daí?

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Sobre a nossa história. OU [De como minha vida ficou doce]

Ele entra no ônibus que leva do embarque ao avião. Fica bem na minha frente. Me olha. Te olho.
-
Que cara charmoso! Senta do meu lado, senta do meu lado, senta do meu lado! (Eh, amô, eu pensei isso, não te contei!)

E o que acontece?

Não, ele não senta do meu lado.
Uma moça, pouco mais idade que eu, babá, ia descer em Petrolina. Já conformada porque tudo comigo acontece ao contrário sempre mesmo, ligo meu mp3, e já me encolho naquela poltrona mini mas que miraculosamente eu consigo me acomodar, e me preparo pras 5 horas de vôo.

Passa um tempo, sinto um carinho suave no meu braço, aquilo me aperta o peito e me sai um sorriso sacana. É ELE. Que seja ELE. Era ele.

A mão dele vinha da poltrona 11 A, eu na 10 A, uma mão sorrateira entre a poltrona e a janela acariciava meu braço. Coloco ou não coloco a ponta dos meus dedos? E agora? E se ele me achar fácil? Ah, você nunca mais verá esse cara sua retardada, é só um carinho, vai...

Facilito a mão. Ponta dos dedos, as mãos dele se animam e se aninham. Dedos, mãos, braços, nuca, nessa ordem.

A mão dele já passava por minha nuca e nenhuma palavra. A mão nos meus lábios, e nenhuma palavra. Os dedos dentro da minha boca, e nenhuma palavra. A mão dele no meu colo e nenhuma palavra. Também não precisava. Nossos corpos se entendiam. O tesão vinha e eu o prendia roçando as coxas. O avião chega em Salvador. Ele me escreve um bilhete com seu telefone e pede o meu.

Droga, droga, droga, esqueci o meu número! De novo, pqp! Eu sou retardada! Ah, mas era pra ser só isso mesmo, afinal, eu só deixei os dedos dele passarem entre meus lábios porque nunca nos veremos mesmo..

Mais um bilhete:


Tentei negar, juro. Afinal, eu só deixei os dedos dele passarem entre meus lábios porque nunca nos veremos mesmo.
E eu respondo que não dá, o piloto mandou permanecermo
s sentados nos nossos lugares (dooooida pra ir) mas na escola do cudocismo, temos que dizer não três vezes.

Ele fala baixinho alguma coisa engraçada e charmosa, e eu vou. Sento do seu lado e vejo um tal livro meio que auto ajuda, mas que ele jurou não ser. Gabriela, se ferrou, vai ter que ir pelo menos até Recife com esse cara maluco.

15 minutos de conversa e conheço um cara lindo, cheiroso, fascinante e que me agarra num beijo tão gostoso, que me desculpem o trocadilho infame: me deixou nas nuvens.

E nessa de “afinal, eu só deixei os dedos dele passarem entre meus lábios porque nunca nos veremos mesmoque hoje faz 1 mês que esse cara entrou na minha vida, e hoje rezo para que não saia nunca mais. Afinal, eu só deixei os dedos dele passarem entre meus lábios, não tinha autorizado ele tocar a minha alma e me fazer romper com o mundo e queimar os meus navios.


segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Se apaixonar é...


  • Achar o Fábio Júnior o maior gênio da MPB.
  • Sentir cãimbra nas bochechas de tanto que você sorri feito boba.
  • Ficar sentados naqueles banquinhos do farol da Barra e morrer de rir das piadas cretinas um do outro enquanto o sol se vai.
  • Ficar dando beijinho no olho na escada rolante, no bar, na fila do pão.
  • Achar o máximo ir andando de mãos dadas do Farol da Barra até o Pestana (Quem mora em Salvado sabe a distância disto)
  • Até ter gostado de ter torcido o pé, pois só assim você terá o enfermeiro mais gato te mimando e ajeitando sempre a sua contensão.
  • Ficar selecionando apenas sete frases das quase 40 de tudo que você viveu, porque como dizia o Caio, é pra dar sorte.

sábado, 23 de agosto de 2008

De como os pedidos são perigosos.


Imagine um cara bonito. Pronto? Agora imagine um cara bonito, cheiroso, charmoso e que se veste super bem. Agora coloque uns olhos verdes, um cabelo liso, grisalho, uma pele branca, bem branca, ou melhor, imagine o cara mais lindo que você já viu nu na vida, (falo com as meninas, claro).

Imagine agora um cara seguro, inteligente, decidido, engraçado, culto, maduro, protetor, que te faz rir, que te declama poesia gaudéria (Não sabe o que é isso? Ele me ensinou, é poesia gaucha.) Ele também me ensinou sobre carros antigos, motores de 8 cilindros e que cusco é cachorro. Ele agora está querendo me ensinar a ser otimista e que amor de filme existe.

Imagine um cara que, assim como você, fica fácil em uma livraria o dia inteiro e ainda te sugere livros, te explica coisas e devora tudo que vem de você.

Imagine um cara que gosta de música erudita, de Chico Buarque e do Belchior, que escuta tuas histórias e conta as dele, que fica te olhando com cara de bobo enquanto você lê a aba de um livro e te aperta em seguida dizendo que você é a única mulher do mundo que é inteligente-bonita-gostosa-e-criativa. Um cara que aprendeu a falar palavrão contigo e que te ensinou a falar dêfêrêntê!

Imagine ficar horas deitados numa cama confortável, conversando baixinho no escuro, fazendo segredo pro mundo, mesmo que só exista você e ele alí, disputando quem está mais feliz. E a gente aprendeu isso, e achou gostoso. E ficamos assim, no meio do shopping, dentro dos táxis, nos bares, nos restaurantes, na fila da farmácia, dentro do elevador, falando o quanto é bom, confortável e seguro estarmos juntos.

Imagine acordar no meio da noite e ver a mão dele pousada na sua cintura e você ouvir daquele jeito baixinho, ainda fazendo segredo pro mundo, no quarto escuro: Eu amo você, tá?
Dá vontade de sair do quarto e bater no dos outros e dizer: - Ei, deixa eu te dizer, ele me ama, tá? Dá vontade de ligar naquela hora pro ex-namorado e dizer com toda sinceridade do mundo e sem um pingo de ironia: - Cara, MUITO OBRIGADA, de tudo que você me deu, o melhor foi aquele pé na bunda!


Não deu pra imaginar um cara assim, né? É, eu sei. Nem eu imaginava. Eu só tinha pedido um amor. Veio o homem da minha vida junto.

sábado, 16 de agosto de 2008

De costas para o divã


Lacan que me excomungue com seu papo de que a culpa de tudo é minha, que meu foco sou eu, e o mundo é meu umbigo. Foda-se a psicanálise, é tão gostoso se encher de encantamento, expectativas no outro, gostar que te mimem. Não que isso tudo seja pra agradar o meu umbigo.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Assim como a ressaca, a felicidade sempre vem.

Nossa, tem anos que alguém não ficava parado me olhando enquanto eu apenas estava ao lado, tem anos que alguém não perdia aquele um segundo de ar quando eu chegava, tem anos que alguém esquecia compromissos, cancelava a agenda, me sequestrava e se via tão perdido, só porque me achou, tem tempo que eu me olhava no espelho e me achava linda, sempre pensei que nunca fosse conseguir voltar a ser bonita, mas porra, eu só posso ser bonita, eu só posso estar bonita, sou inteligente, sacana, de onde eu tinha tirado a idéia que precisava de migalhas? Eu mereço o mundo, e ele está fazendo de tudo pra me merecer.