sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Sobre a assas[sina]




Era conhecer um cara interessante, que Bárbara logo soltava um de seus tiros certeiros a fim de testar a sua mira, só não sei se mirava a própria cabeça ou a do sujeito.
Ela tinha um lema: Se eu der o tiro mais certeiro, só O Grande sobreviverá, e aí sim, ele será digno de uma segunda vida.
O que ela não sabia, é que nem todo mundo vai a um encontro usando coletes à prova de balas.
Então todo mundo acabava baleado, ela sempre acertava a mira do outro. Só não sei se isso a alegrava ou entristecia, pois ela sempre acordava sozinha.
Inicialmente Bárbara tinha três tipos de balas preferidas, uma era mandar um sms “porque você sumiu?”. Bang, primeiro tiro. Se ele ainda sobreviver, tinha o e-mail: “estou com saudades” Bang-bang, segundo tiro. E não obstante, tinha A grande bala, o telefonema:
“Vamos almoçar na casa dos meus pais domingo?”

Bang-bang-bang. Xeque-mate. Aur revouir. Hasta la vista, baby.

E ela não estava com saudades porra nenhuma, Bárbara nunca sentia falta de ninguém. Ela estava pouco se fodendo para esses babacas medrosos, ela não tolerava homem frouxo e testava sua covardia.
Bárbara fazia isso pelo mórbido prazer de vê-los com o cu na mão. Era assim que ela se vingava dos homens.
Tudo começou com um casinho, já fazia 3 dias que o sujeito estava na casa dela obrigando-a a cheirar o peido dele, a catar a roupa dele no chão e tolerar os barulhinhos irritantes dos jogos de porrada do seu ps2, mas saiu pra nunca mais voltar quando Bárbara disse: -Ei, eu gosto de você.

Então ela virou uma fuzileira: "posso te ver?", “posso passar no teu trabalho?”, “vamos ao cinema?”, “estou com saudades”, “o que você vai fazer na semana santa?”.

Bang-bang-bang-bang-bang.
Eram todos certeiros, e na testa do sujeito.
Na cabecinha dos homens, as mulheres viam a vida como um jogo de playstation, fase 1: vamos fuder. Fase 2: casar, ter trigêmios no dia do jogo do mengão e comprar um labrador. E isso emputecia Bárbara, porque ele podia comê-la, mas jamais passear de mãos dadas num fim de tarde. Ela não queria casar com nenhum deles, só queria ser agradável.

A coisa ficou tão pesada, e Bárbara cada vez mais vil, que um simples “você é bacana” deixava o sujeito em coma, ela se sentia então a própria pica de Deus.

Aquilo subiu a cabeça, o sonho de ter apenas um cara legal para “dividir uma pizza e trepar de vez em quando”, foi dissipado. Por isso que ela agora só jogava pesado, e sujo. Hoje ela trepa e diz “ quero um filho teu”, “vamos nos casar amanhã em Las vegas?” , “Posso dormir com vc?”
E então ela conheceu o Pedro, um homem que não só sobreviveu a todos os seus tiros, como conseguiu ver Bárbara como ela era exatamente: uma menina que morria de medo do amor, e usava as armas que tinha pra se defender.
E nesse extermínio de pretendentes, Bárbara o encontrou. Encontrou aquele cara que chupou todas as suas balas e embalou para presente todos os seus medos.

8 comentários:

La Maya disse...

Sabe que é uma ótima tática quando queremos nos livrar de alguém?! Essa eu nunca tinha experimentado!

E que bonito esse final... Porque em algum momento de nossas complicadas vidas precisamos encontrar alguém, aquele alguém que embale para presente todos os nossos medos...


Sim, ouvindo Portishead _ naquele momento específico, a Strangers, que AMO! Mas acho uma delícia, todas as músicas. Pedestal, Only You, Glory Box, Humming, Sour Times, Cowboy... o cd ao vivo em Roseland é ótimo! Mas ando apaixonada pela Open Box, de um cd que baixei há poucos meses, de nome Alien. Mas, engraçado, não encontro informação NENHUMA sobre esse álbum. Não acho em site nenhum pra comprar, não acho as letras, nada. A cópia original, no mínimo, foi abduzida e não se fez mais nenhuma...!! Se tiver notícias desse álbum, me avise!

E Maya... visceral e confusa, acordou num mundo onde não sabe se mover muito bem. Viu-se de repente atolada num imenso lago... de merda. E vem tentando, teimosamente, descobrir a saída ou alguma corda se balançando sobre sua cabeça. Maya é complicadíssima, nem te conto...!

Beijos

On disse...

o pior é q é assim mesmo, sempre existe alguem q "chupa" nossas balas... sempre exite alguem... alguem sempre existirá...

disse...

G., de arrepiar esse texto. Genial, menina! E que final incrível! Ai, ai...

E quanto ao teu comentário lá nos Fragmentos, concordo parcialmente. Acho que o amor é belo mesmo, como disseste, e isso independe de ele ser uma mentira ou não, até pq isso é relativo.

Entretanto, acho que qdo algo te machuca mto, ao menos simbolicamente, enterrá-lo pode ter algum valor, ainda que o ato de enterrar não seja literal, como foi no texto. Mas enfim... cada um funciona de um jeito. rs.

Bjs, menina.

Critical Watcher disse...

Falta-nos sempre alguém que entenda as nossas armas. Quase nunca conseguem desabotoar o nosso colete à prova de balas e enfiar em nosso peito aquele tiro tão almejado. Ou pelo menos, esperado.

Excelente texto. Prazer, me chamo Vicente!

Critical Watcher disse...

O fervor de seus textos me fascina... ;)

Pushoverboy disse...

Tática perigosa essa, se defender atacando... ás vezes tudo que precisamos é ter um pouco de fé nos outros! Mas acredito que não importa o que façamos, mais cedo ou mais tarde a pessoa certa chega. Gostei muito dos seus posts... cheios, simples, atuais. So tive um pensamento: você mostra o que escreve pros seus pais?? =)

Pushoverboy disse...

Éé, o filem é bom sim... eu choro fácil também, principalmente se estiver só. Quando tem algum conhecido eu meio que seguro!! Se eu escrevesse o que você escreve e minha mãe visse eu tenho certeza que ia ser apocalíptico... ela fez tempestade uma vez quando eu pintei o cabelo de verde em uma copa do mundo aê =)

Helder CESAR pinto disse...

...entre tantas andanças e desavenças, ficaram as balinhas..os peidos,não!! peido esvai-se. Mas o que importa é que sentir-se a pica de Deus é sentir-se a consumação do ato em sí.