quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Sobre o momento de libertar



- Eu te amo.
- Idem.


Ele passou a não dizer mais, só respondia, e com um idem. Se ela soltasse um eu te odeio, ele responderia da mesma forma, idem.


- Por que você ainda mente pra mim?
- (Porque eu quero que você se livre de mim, me deixe solteiro, me odeie, largue do meu pé, pare de me procurar, de me dar presentes, me mimar)


Mas é óbvio que ele não respondeu isso. Ele disse:


- Deixe de bobagem, pare de fazer escândalo por bobagem, agora me deixe dormir porque cheguei tarde e estou com sono ainda.
- Por que você está fazendo isso comigo? Não iriamos recomeçar? Consertar tudo?
- (Se eu so lhe fizesse o bem, talvez fosse um vicio a mais, você me teria desprezo por fim)


Mas é obvio que ele também não respondeu isto.


- Me deixe em paz, não quero mais falar sobre esse assunto.

Ele desliga o telefone e volta a babar no seu lençol. Ela tem o telefone desligado e vai chorar quieta.



Os amores terminais são sempre os mais bonitos, pois não têm tempo para momentos de rupturas abruptas, é uma morte gradual.

Rejeitar um amor de repente só porque dói, é burrice, todo grande amor no final, causa a mesma dor que a felicidade, seja qual for o caminho. É jogar ao ar uma mão cheia de flores coloridas e não poder ver o colorido do espetáculo. É um outono de cheiros contraditórios, festivos e tristes. É riso e lágrima, é despreocupação, é covardia.

Não importa se magoa, o que importa é que ainda assim, é bonito.

Nenhum comentário: