sábado, 3 de maio de 2008

Sobre as decepções.




Tinha decidido que queria aprender a fumar. Andava assistindo muito filmes antigos e em todos eles, as mocinhas mais charmosas sempre tinham uma piteira e um cigarro.
Puro glamour. E era exatamente isso que lhe faltava à vida.
Treinava em frente ao espelho entrando em posto de conveniência e botecos de quinta:
- Uma carteira de Gudan de canela, por favor!
Excêntrica convicta, se fosse fumar teria que ser um forte, e que a nauseasse, para se sentir sempre dentro de um navio de luxo, tal como sempre estavam as mocinhas dos filmes antigos.
Mas ela não tinha coragem de comprar, então, sorrateiramente roubou um cigarro da carteira da prima. Seu peito disparou, ficou ainda mais instigada e guardou aquilo para um momento especial.
Afinal, fumar era puro glamour!
Mesmo morando sozinha, se trancou no banheiro e apagou as luzes para fumar escondida.
E como quase tudo que lhe aconteceu na vida, aquilo não era o que ela esperava.
Acendeu a luz e jogou o cigarro dentro da privada, como menção a vontade que tinha de fazer também com todas as suas decepções na vida.
Infelizmente concluiu que nada na sua vida era tão pequeno quanto a metade daquele cigarro.















E eu voltei a escrever os relatórios no Blog da U.B.I!

2 comentários:

Camila disse...

(Primeiríssima!)

Decepções atingem tão bruscamente, não é? E às vezes, pior, nem assim... Acho que pior não se sentir nada do que sentir-se nauseada.
Irritante.

disse...

As decepções dão náuseas. Mesmo quando fracas. Se é que essas existem.

Belíssima constatação.